sexta-feira, 4 de novembro de 2011

VALE A PENA FAZER UM CURSO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS?

Artigo publicado no portal WEBCONCURSOS

VALE A PENA FAZER UM CURSO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS?
Rogério Neiva

O que você acha de fazer um curso preparatório para o concurso? É eficiente investir tempo e outros recursos nesta estratégia de estudos? Você tem a compreensão do papel que o curso preparatório irá desempenhar no seu processo de preparação?
Não é incomum que muitos candidatos tenham dúvidas sobre a conveniência de ingressar num curso preparatório. Pior que isto, muitas vezes partem para este caminho sem qualquer reflexão.
Enquanto professor, percebo em sala de aula muitos candidatos que buscam o curso preparatório por não saberem como estudar ou por onde começar. Existem também aqueles que se matriculam apenas em função da publicação do edital do concurso público.
Este último comportamento é manifestado pelos candidatos que considero integrantes do grupo que denomino "reféns de edital". Ou seja, se mobilizam apenas em função da publicação de editais. Lamentavelmente, a dinâmica das grades dos cursos preparatórios, é bastante influenciada pelo referido comportamento.
Para uma conclusão e avaliação adequada, voltada à busca de uma decisão eficiente, a primeira premissa fundamental consiste na compreensão sobre o próprio processo de preparação para o concurso público. Conforme venho sustentando de maneira reiterada, é preciso encarar a preparação enquanto um empreendimento de natureza cognitiva e intelectual.
E isto significa desenvolver um processo de estudos e implementação de esforços de modo estratégico, eficiente e racional. Ou seja, é preciso que o candidato conte com um planejamento adequadamente estruturado.
Mas para o desenvolvimento do processo decisório acerca da realização do curso preparatório, também é de grande importância que o candidato compreenda os possíveis modelos e formatos existentes atualmente. A identificação dos referidos modelos pode ser realizada a partir da sistematização de alguns critérios:
1 - quanto ao sistema de transmissão da informação:
- cursos presenciais: trata-se do modelo tradicional, no qual a informação é transmitida presencialmente pelo professor no ambiente de sala de aula, a qual é ocupada também presencialmente pelos alunos. No referido modelo as aulas contam com horário e local definidos;
- cursos satelitários: há uma ocupação de sala de aula presencialmente pelos alunos, porém, o professor transmite a informação por meio de equipamentos audiovisuais, os quais são assistidos pelos alunos. Ou seja, há um equipamento que apresenta a aula do professor, a qual pode estar sendo transmitida ao vivo ou ter sido gravada em outro momento. Neste modelo, da mesma maneira que ocorre com o curso presencial, as aulas contam com horário e local definidos;
- cursos web: o presente modelo, de forma semelhante ao satelitário, não conta com a presença física do professor. Por outro lado, também não há a ocupação coletiva de espaço físico por parte de alunos, inexistindo ainda a definição de local e horário para o contato com a informação a ser transmitida. Ou seja, o aluno assiste de onde bem entende, no momento em que considerar mais adequado, precisando apenas de um computador e de conexão de Internet.
2 - quanto ao conteúdo:
- genérico: envolve um conjunto amplo de matérias e conteúdos, definidos conforme o edital do concurso, ou tendo um caráter mais genérico stritu sensu, correspondendo a um programa que possa ser cobrado em vários concursos;
- por matérias ou modular: neste caso o aluno tem contato apenas com as matérias especificamente contratadas;
3 - quanto à abordagem do conteúdo:
- conceitual/teórico: as informações são desenvolvidas com uma abordagem conceitual, seguindo uma seqüência lógica e cadenciada de matérias;
- resolução de exercícios: os conteúdos são desenvolvidos de forma a solucionar os exercícios, não havendo necessariamente uma seqüência lógica de conteúdos, vez que a esta seqüência é determinada pelos exercícios.
Diante destas possibilidades, o candidato deve desenvolver um diagnóstico de suas condições e contexto, procurando identificar não apenas a conveniência do curso preparatório, como também o modelo mais eficiente, diante da realidade levantada.
Não há dúvida de que, numa análise comparativa entre o curso preparatório e o estudo bibliográfico, existem diferenças significativas, principalmente em termos de processos cognitivos mobilizados. Isto é, a apropriação da informação ao estudar numa biblioteca tende a não ser a mesma ocorrida ao estar numa sala de aula assistindo o professor.
Se o aluno entra sala de aula e ouve o professor falar, mas não se esforça para entender, seguramente o processo de aprendizagem terá sido precário. De forma semelhante, se anota o que o professor diz, mas não entende o sentido da explicação, teoricamente, também há um comprometimento das etapas de apropriação cognitiva do objeto de conhecimento com o qual se teve contato.
Mas o fundamental mesmo, antes de buscar um curso preparatório, consiste na avaliação sobre quais processos cognitivos considera mais eficientes, em termos de apropriação das informações e disponibilidade destas no momento da prova.
Outro aspecto relevante consiste no papel que o curso preparatório irá desempenhar. Conforme tenho sustentado em termos metodológicos, a preparação para o concurso deve ser estruturada em duas etapas. Uma primeira seria voltada ao processo de apropriação intelectual primária do objeto de conhecimento a ser estudado, envolvendo a construção dos pilares cognitivos fundamentais. Já a outra seria voltada à manutenção e aperfeiçoamento das informações apropriadas na primeira fase.
Neste sentido, teoricamente, o curso preparatório pode ser realizado como estratégia de estudos tanto na primeira, quanto na segunda etapa. A questão é saber qual o caminho será mais eficiente. No meu processo de preparação optei por este caminho na segunda fase, sendo que o curso teve muito mais um papel de revisão, do que de apropriação intelectual primária.
Porém, existem algumas matérias que impõe dificuldades para o estudo bibliográfico individualizado, o que não permitiria a realização do curso preparatório naquele contexto correspondente à primeira etapa.
Não tenho dúvida de que o curso preparatório tem o seu papel e a sua importância. Mas também não tenho dúvida de que não é a solução para todos os problemas. Não tenho dúvida de que não é a fórmula milagrosa do sucesso que vá garantir a aprovação.
O que não considero correto é o candidato buscar o curso preparatório por não saber como se planejar, como estudar ou apenas pelo fato de ter sido publicado um edital. O fundamental é que o candidato, assumindo o controle e a responsabilidade por seu processo de preparação, tenha uma compreensão estratégica e tome uma decisões eficientes e racionais. E com isto, estará dando passos de grande importância para que possa visualizar o seu nome na lista dos aprovados.

Bom estudo!

Rogério Neiva é juiz do trabalho desde 2002. Além disso, é psicopedagogo e possui pós-graduação em administração financeira. Atua como professor de nível superior e de cursos preparatórios para concursos.